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Lazaristas de coração 20 de Abril de 2022 Quem são os beneméritos Afiliados à Congregação da Missão Sacha Leite
Pe. João Pubben e e SG Tomaz Mavric mostram carta de afiliação de Dom Helder Câmara
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A afiliação à Família Vicentina é um ato de amizade, gratidão e reconhecimento público e oficial dispensado a pessoas que se destacam, de alguma forma, na participação e colaboração com a missão vicentina. É um ato afetivo e espiritual de confirmação do espírito de fraternidade presente entre tantas pessoas leigas ou ordenadas, que não pertencem à Congregação ou a algum outro ramo vicentino que se reporte ao mesmo Superior Geral.

 

Na Congregação da Missão, as comunidades locais podem apresentar aos seus Superiores Provinciais pessoas a serem afiliadas. Os Superiores Provinciais e seus Conselhos, após avaliarem e confirmarem o alcance significativo dos motivos apresentados para a afiliação, apresentam os nomes ao Superior Geral, que afilia a pessoa indicada, enviando-lhe um Certificado de Afiliação.

 

Esta prática afirma e destaca a importante e significativa presença de pessoas leigas ou ordenadas que a princípio não estariam vinculadas formalmente, mas que, de forma especial, participam da missão vicentina na Congregação da Missão. A afiliação não cria nenhum compromisso formal, jurídico ou institucional com a Congregação, porém simboliza a relação de fraternidade, fé e serviço vicentino com a Congregação da Missão. Assim, a pessoa afiliada participa com mais intensidade da vida, missão e bens espirituais da Congregação da Missão.

 

Trata-se de um instrumento que expressa a riqueza do carisma vicentino, que é vivido para além das fronteiras institucionais das congregações e associações vicentinas. É o reconhecimento de uma das muitas formas possíveis de acolhida e vivência da herança espiritual vicentina; é fruto da rica partilha entre as pessoas na vivência do caminho espiritual deixado por São Vicente de Paulo.

 

Na Congregação da Missão, ontem e hoje, a afiliação de leigos ou clérigos tem sido uma prática constante. Muitos leigos, homens e mulheres, solteiros ou casados, e muitos clérigos, padres, diáconos e bispos receberam esta afiliação. Existem vários afiliados à Congregação da Missão, já mencionados em edições anteriores do Informativo São Vicente, como por exemplo o Professor Mariano e o Sr. Antônio. Nesta edição nº 313 do nosso Informativo buscamos destacar outros afiliados por indicação da PBCM: pessoas de diversas regiões do país que contribuíram para a realização da missão Lazarista no Brasil, prestando serviços, dedicando-se afetiva e efetivamente.

 

Dom Helder Câmara, um santo de formação vicentina

 

Um dos afiliados de grande estima e significado para os Coirmãos foi Dom Helder Câmara (1909-1999), Arcebispo de Olinda e Recife, afiliado pelo então Superior Geral, Pe. Richard McCullen, em 1987. Dom Hélder, notável amigo dos pobres, profeta da justiça e da paz, foi aluno dos Lazaristas, grande devoto e admirador de São Vicente e muito amigo da Família Vicentina.

 

Dom Helder Câmara estudou no Seminário da Prainha, em Fortaleza. Apresentava-se como Lazarista de coração. Portanto, mesmo seguindo o caminho diocesano, manteve relação fraterna com as comunidades vicentinas e então, foi agregado à Congregação da Missão, em 1985. Dez anos depois, foi a vez das irmãs Iveta e Helena Ferreira, amigas dos padres da PBCM e frequentadoras da casa Dom Viçoso, em Belo Horizonte-MG, receberem a carta de Afiliação à Congregação da Missão, em papel timbrado assinado pelo Superior Geral, na época, o padre Robert Maloney, CM. O advogado Dr. Rômulo e a professora D. Samira Nahass também compartilharam, nesta matéria, um pouco das impressões e sentimentos que experimentaram quando foram incorporados à esta grande família espiritual guiada pelo carisma de São Vicente de Paulo.

 

Padre José Debortolli, CM, quando Diretor Espiritual da Província das Filhas da Caridade do Recife, entrevistou Dom Hélder Câmara, amigo dos Lazaristas e filiado à Congregação, um dos grandes admiradores de São Vicente de Paulo, que naquele ano completava 50 anos de sacerdócio. A entrevista foi publicada pela revista da CLAPVI em dezembro de 1981 e traduzida para o português pelo Pe. Luiz de Oliveira Campos, CM, para a presente edição do Informativo São Vicente.

 

Dom Hélder nasceu a 7 de fevereiro de 1909 em Fortaleza, capital do Ceará, no Nordeste do Brasil. De família pobre, fez seu Seminário Menor e Maior nesta mesma cidade, quando estes dois Seminários eram dirigidos pelos Padres da Congregação da Missão. Foi então que Dom Hélder começou a admirar São Vicente. Tanto, que desejou ser Padre Lazarista e chegou a conversar com o Bispo sobre isto. Este lhe ponderou que, havendo ele estudado por conta da Obra das Vocações Diocesanas, uma vez que seus pais eram pobres, ele deveria se ordenar como Padre Diocesano e trabalhar pela Diocese, por gratidão.

 

O certo é que toda formação Humanística e Eclesiástica de Dom Hélder é Vicentina. Ele nunca estudou em Roma, nem em outra Universidade estrangeira. O que mais honra aos Lazaristas, é que Dom Hélder seja um filho muito agradecido aos Padres da Missão. Ele se considerava Filho de São Vicente. Por isso, sempre que estava falando com os Lazaristas ou com as Filhas da Caridade, ele se referia a São Vicente nesses termos: “Nosso pai São Vicente”.

 

Dom Hélder conheceu bastante São Vicente. Ele o amava e o imitava em sua simplicidade e em seu espírito de pobreza e no seu amor ao Papa. Seus dois grandes inspiradores foram precisamente: São Vicente de Paulo e São Francisco de Assis. Viveu na sacristia de uma Igreja pobre em Recife (Fronteiras), ao lado da Casa Provincial das Filhas da Caridade, da Província do Recife. E sempre que esteve em Recife celebrava diariamente para as Filhas da Caridade da Casa Provincial, que cuidavam dele, sendo que ele pouco cuidava de si mesmo.

 

Eis aqui as palavras de Dom Hélder sobre nosso pai, São Vicente: “Poucas criaturas do mundo compreenderam tanto Jesus Cristo como São Vicente. Em certa ocasião, assisti a uma Conferência em que alguém chamava São Vicente de “gênio da caridade”. É pouco. Ele tinha o Carisma da Caridade. Possuía este dom de Deus. Ele tinha antenas ligadas em Jesus. Praticamente suas antenas eram voltadas para todos os sofrimentos do seu tempo. Deus lhe deu também um sentido muito prático. Quando contemplava o sofrimento de seu tempo, buscava, para cada sofrimento, uma solução. Ia ao encontro do sofrimento, qualquer que fosse. Via os menores abandonados e imediatamente a solução para os menores abandonados. Se encontrava anciãos, imediatamente tinha uma solução para os anciãos”.  Ao receber o Certificado de Afiliação, em 8 de abril de 1987, Dom Hélder disse com grande alegria a um de seus colaboradores: “Agora, sim sou Lazarista!”

 

D. Iveta e D. Helena, irmãs catequistas e amigas dos padres

 

As irmãs Iveta e Helena Ferreira foram agregadas à Congregação da Missão em 1995. Naturais de Tiros, em Patos de Minas-MG. Iveta é professora aposentada. Ela conta que se aposentou aos 50 anos de idade e, em um salão na sua casa, fez catequese durante muitos anos. Chegou a contar com 20 catequistas. Fundou os Acólitos, onde coordenou a catequese e foi ministra da eucaristia durante muitos anos. Fundou também a Associação da Medalha Milagrosa. Hoje ela frequenta a Casa Dom Viçoso e procura ajudar os Lazaristas . “Sou responsável pela obra das Vocações Lazaristas (VL) há muitos anos. Pe. Maia me colocou lá”. Ela estudou em Patos de Minas, com as irmãs sacramentinas, foi aluna do colégio interno.

 

“Quando mudei para Belo Horizonte, uns 50 anos atrás, fiquei muito amiga do Pe. Maia, CM. Ele vinha muito aqui em casa, me ajudava muito, era meu diretor espiritual. Ele que me colocou como ministra da eucaristia. Na Dom Viçoso conheci muitos padres: Dom Chaves, João Saraiva, uma porção”. Quando Iveta e Helena foram agraciadas com o título de afiliadas à Congregação o visitador era o Pe. Célio D’ellamore.

 

Iveta conta que para ela o vínculo se manteve e se fortaleceu ao longo de anos de convivência com os Lazaristas: “É uma amizade muito grande. Eu tenho eles como irmãos. Na liturgia da manhã, todo dia, eu rezo pela Congregação, pelos seminaristas e por todos nós. E eu procuro ajudar em tudo o que é preciso. Quase todo domingo eu levo uma sobremesa para os padres. Sempre levo alguma coisinha para eles. Dou o dízimo, recolho o dinheiro da VL e entrego lá. Sou também coordenadora da Associação da Medalha Milagrosa, desde a sua fundação pelo Pe. Célio e Pe. Vinícius. Na missa também sempre ajudei muito. Agora o Ir. Edmar fica com o comentário e eu distribuo as leituras para garantir a participação de mais pessoas da comunidade".

 

Laços fraternos perpassam mesmo as fases mais conturbadas: “Nessa pandemia, quando eu não estava podendo ir à missa, quatro padres vieram celebrar aqui em casa. Pe. Sebastião, Pe. Onésio, Pe. Vander e Pe. Denilson. Eu tenho até os retratos aí. Eles têm muito carinho com a gente. Costumo fazer almoços para os padres e seminaristas, mas esse ano não teve. Vêm de dois em dois para não ficar muito cheio. Padre Onésio e Pe. Sebastião vêm, nós jogamos buraco, depois eu sirvo um lanche. São meus amigos. Eu falo que não parece padre de comunidade. Parece que são da minha família, de tanto que eu amo a todos”.

 

A carta de afiliação à Congregação foi uma grata surpresa para as irmãs Helena e Iveta: “Quando recebi essa declaração, fiquei tão emocionada que chorei muito. Falei: gente, eu não mereço. Deus está me dando muita coisa sem eu merecer. E hoje eu agradeço à Nossa Senhora a convivência com os Lazaristas, os seminaristas e os padres. Porque hoje eu amos os seminaristas como filhos. Eu falo com as minhas amigas, sempre que chega gente nova na capela, eu conto sobre os movimentos que tem, de ajudar na cesta básica, da VL e a gente vai lutando como pode. Eu gostaria de fazer mais, mas agora, depois dos 85 anos, estou ficando meio mole. Quando o nosso pai morreu, nossa mãe já havia morrido. Pensamos que ficaríamos sós. Mas não ficamos. Os padres cobrem muita coisa aqui. Cobrem tudo que a gente precisa de carinho, de atenção”.

 

Dr. Rômulo, ex-seminarista e advogado

 

Nascido em Quixadá, sertão do Ceará, em 12 de novembro, de 1934, Dr. Rômulo C. Mota estudou em Fortaleza entre os anos de 1949 e 1951, na Escola Apostólica São Vicente de Paulo. Seguiu depois para os Seminários do Caraça (1952 e 1953) e Petrópolis (1954 e 1955), onde cursou o Noviciado. Em março de 1956 ingressou na Faculdade Nacional de Direito, onde se formou bacharel, em 1960. Ainda atuando como advogado, especializado no setor imobiliário, Dr. Rômulo recebeu a reportagem do Informativo em seu consultório no edifício Mayapan, no Centro do Rio. Sorridente, ele lembrou dos tempos em que foi seminarista e aproveitou para declarar seu amor eterno aos lazaristas.

 

“Guardo as melhores memórias do meu tempo de seminarista, pois, embora fosse um seminário, tínhamos a liberdade de falar e discutir o que quiséssemos.

 

A coisa mais bonita que existe é você agradecer. Hoje eu tenho um nome, sou conhecido no setor imobiliário, até fora do estado do Rio de Janeiro. Tenho uma carreira marcada pela ética e tudo isso eu devo aos padres Lazaristas. Todos os padres sabem que tenho uma verdadeira veneração pelos Lazaristas. O ensino do Caraça era uma coisa espetacular. Passei dois anos recluso, estudando. Nunca aprendi tanto na minha vida, havia muita gente inteligente dentre seminaristas e formadores.”

 

D. Samira, professora, pianista e editora

 

Samira Nahass Gouveia Franco, natural de Nova Lima, grande Belo Horizonte, professora e pianista. Teve o primeiro contato com a PBCM através da Igreja de São José do Calafate. Porém foi em 1956, quando casou-se, na paróquia de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, em Campina Verde, que iniciou um contato mais constante com a Congregação da Missão. Em conversa telefónica com a reportagem do Informativo São Vicente, D. Samira disse que a amizade com os vicentinos é antiga. Ela hoje em dia edita, com esmero, o jornal da Paróquia de Campina Verde. Além disso, é mãe do Pe. Alexandre Nahass Franco, CM e do Dr. Genesinho, também afiliado à Congregação da Missão.

 

“Comecei a trabalhar no Instituto Nossa Senhora das Graças, ministrando aulas de Português e Educação Musical. Há 16 anos sou da comissão do Jornal da Paróquia. Durante anos regi o coral da Igreja da Matriz e o coral do colégio. Quando fui agraciada com o título de afiliada à Congregação da Missão fiquei encantada, maravilhada. Nunca pensei que receberia uma distinção dessas da Congregação. Mas também, não precisava, pois independentemente de qualquer título meu coração pertence a São Vicente de Paulo. Sou muito feliz por fazer parte dessa família”.

 

Outros Afiliados à Congregação da Missão, dentro do contexto da PBCM

 

  • Dr. Sady Cotta – Belo Horizonte-MG
  • Prof. Mariano Pereira Lopes – Belo Horizonte-MG
  • Sra. Maria Raimunda dos Santos - Nova Era-MG
  • Sr. João Marcos Andrieta – Salto-SP
  • Sr. Antônio Soares da Silva – Rio de Janeiro-RJ
  • Dr. ‘Genesinho’ Nahass – Campina Verde-MG
  • Sra. Nilza da Silva Teodoro - Petrópolis-RJ
  • Sra. Vitória Chaves - Bambuí-MG
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