Para o Pe. Marlio Nasayó Liévano, CM, da Província da Colômbia, vivemos um momento ímpar, provocado pela pandemia da Covid-19, em que não podemos nos desvencilhar da partilha fraterna e dos momentos de oração. Além disso, Pe. Marlio lembra da coragem de Francisco Regis Clet, sobre quem publicou uma nota na página da web Corazón de Paul, relacionando a importância da memória do missionário vicentino, Padre da Congregação da Missão, mártir na China, com a época de provações que estamos vivendo, em todo o mundo.
São Francisco Regis Clet foi um missionário com zelo e saúde, no entanto, mesmo com esse vigor, encontrou perseguição e morte: "nem todos os missionários têm a saúde e a energia dele. Seu exemplo deve nos levar a trabalhar na medida em que as forças respondem a nós. Regis Clet também é lembrado no contexto atual como santo protetor dos enfermos infectados com o novo Coronavirus, já que morreu por estrangulamento e asfixia.
Pe. Marlio cita o que São Vicente de Paulo chamou de "zelo excessivo" que, em alguns casos, faz com que as pessoas se permitam não ter tempo para a mesa ou para a partilha fraterna. O padre afirma que o Senhor nos convida agora para deixar de lado, pelo menos por um tempo, esses 400 anos em que fomos apóstolos no campo, planícies, cidades e montanhas para sermos "cartuxos em casa". Ou seja, para orar mais, aprofundar sua Palavra e refletir mais sobre nossa vocação e missão.
Hoje, dia da celebração litúrgica de São Francisco Regis Clet, que por sua canonização, em 9 de julho, juntamente com mais 120 mártires, derramou seu sangue por Cristo, pela Igreja e pelos pobres da Igreja, compartilhamos aqui algumas linhas para oração, meditação e reflexão nesta celebração incomum, deste ano. Em livre tradução para o português, compartilhamos aqui algumas reflexões propostas pelo Pe. Marlio Nasayó Liévano, CM:
"1. Nosso irmão entrou na Congregação da Missão. Sim, para a missão, primeiro formando missionários vicentinos e agentes diocesanos em sua terra natal; mas ele teve a audácia e a coragem de receber o novo em um país remoto, a China, em outra raça, cultura, idioma e religião, ele deixou as mãos nas mesas francesas para "sujar" as planícies ardentes da realidade chinesa, tornar-se, como o Papa Francisco disse, um arauto do Evangelho, um “hospital de campo” onde a vontade de Deus o plantou.
2. Quando a pandemia terminar e deixarmos de ser "cartuxos em casa" e voltarmos a ser "apóstolos no campo", deixaremos isso com o zelo de antes ou se quisermos, com renovado vigor missionário seguiremos com um coração mais cheio do Senhor e com a nossa "mochila missionária" que, como a de Clet, carregará a mesma coisa que ele carregava na sua: a Sagrada Escritura, o Breviário, as Regras e Constituições Comuns, o Cristo dos votos, o Rosário; mas nos difere disso. Há novos instrumentos para transmitir o Evangelho: não serão o tinteiro, a caneta e um caderno de 100 folhas, mas as medalhas do milagroso andarilho, o celular, o computador para irradiar a mensagem de Cristo, o evangelizador. qualquer colina, até chegar aos confins do mundo. Parafraseando o Fundador, o desafio é certamente tornar-se "inventivo até o infinito", nas parcelas conhecidas e naquelas que estão prestes a arar e semear.
3. Se pensarmos na evangelização, tanto os missionários do amanhecer quanto os do meio-dia, que com saúde e zelo podem sair para as novas colheitas, não podemos esquecer os missionários mais velhos cansados ??pelo peso do dia e pelo calor ( Mt. 20,13), que agora, com várias limitações estão em nossos lares para idosos. Com eles, devemos ter atitudes de proximidade, carinho e gratidão, porque foram os pilares sobre os quais a Comunidade foi construída e, graças a eles, somos quem somos hoje.
No final de tudo, como missionários somos filhos da Divina Providência, estamos nas mãos dela. Não vamos esquecer que depois de cada tempestade vem a bonança. E que, como escreveu São Vicente de Paulo ao padre Bernardo Codoing, em 16 de março de 1644, "A graça tem seus momentos". Essa pandemia é a graça e a bondade de Deus. Precisamos de olhos de fé, um coração convertido, uma escuta alegre da voz de Deus, pedidos de caridade entre nós e com os Pobres, e uma alegre esperança de que estamos nas mãos da Providência, que sempre nos levarão com amor e cuidado em seus braços. Isso nos mostrará novos horizontes, diante dos quais não podemos ser inferiores aos nossos anciãos, como nosso missionário sênior Regis Clet."
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